terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Ouriço

 

 

Há coisas que nos deixam muito, muito  tristes.

E coisas que precisamos aceitar que fazem parte da estrada. Perdas, estranhas e às vezes tão doloridas.

No sábado, dia 07, o universo conspirou para um resgate que não aconteceria, porque eu estava decidida a não ir a um determinado local, mas por força de outras circunstâncias, acabei indo.

Quando cheguei, a Tigresa (uma mestiça de boxer) estava gravemente afetada por uma peleia com um ouriço (porco-espinho / ouriço cacheiro) Eram tantos espinhos que mal se via seu focinho. Por dentro da boca, por fora, no pescoço, nas patas, em um desespero, uma agonia e dor, muita dor.

Nem desci direito do carro, joguei ela pra dentro e corri para o veterinário. Às 21 horas de um sábado.

Ela foi sedada e os espinhos retirados. Ficaram ainda alguns espinhos quebrados dentro da pele, de forma quase impossível de tirar, a não ser com corte.Mas tudo correu bem e ela ficou fora de perigo.

Na manhã seguinte, resolvi voltar ao local, para procurar pelo ouriço, porque pelo estrago da cachorra (e conhecendo bem a natureza dela) eu sabia que acharia o bicho estraçalhado em algum lugar.

Achei mesmo. Inteiro. Vivo. Na verdade agonizando. Juntei aquela criaturinha magnífica, e pensei que o veterinário ia me xingar porque era domingo, porque era quase meio dia, porque onde já se viu. Mas meu coração me mandava levar e salvar aquela alminha. Chorei. Implorei a São Francisco de Assis por ajuda. Então, ele abriu os olhinhos, e me olhou, e resmungou baixinho algumas vezes, e então suspirou e partiu. Chorei de novo. Porque soube na hora que minha prece tinha sido atendida.

Aquele ouriço adulto, espetacularmente lindo, está em algum lugar agora, em uma ponte, me esperando.

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