Não se vive aos cadinhos.
Não se esmola vida.
Não se pede licença para existir.
Não se existe de favor.
Viver é apoderar-se dos instantes, copular com os dias, apossar-se do estar sendo, emprenhar-se do mundo, dos sentidos, do agora. Viver é rasgar-se por dentro, deixar-se arranhar pelos cílios do medo, vibrar na alta freqüência do desmedido, enfiar a língua entre os dentes da insanidade, parir-se ao contrário todas as manhãs. Viver não é um exercício de preservação, mas de flagelo. Não há resguardo possível àqueles que estão vivos, nem prudência, nem moderação. Vida é o caminho que se faz todos os dias entre a loucura e a sanidade. Estar vivo é não ter medo de se perder nesse percurso.
Então, de que eu te falaria? Das nuvens daquele dia, janela afora e olhos a dentro. Do calor do teu colo, do gosto da tua boca , dos teus dedos por entre os meus cabelos enquanto eu falava. Falaria da tua companhia invisível por muitos dias e do quanto a lembrança do teu sorriso tem impedido minhas lágrimas, de ter achado um abrigo sobre o oceano que diminuiu a escuridão que vinha comigo. E te falaria da vida...
Tua falta tem andado a meu lado, tua ausência me faz companhia, procuro o que tenho por perto e então sorrio ao ver o teu nome, brinco de reler tudo, tento achar criptogramas, enxergo sinais, avisos ocultos, metáforas, mensagens cifradas, códigos secretos, alertas subliminares. E ando na pontas dos pés sobre as frases, me equilibro entre uma palavra e outra, respiro nas entrelinhas, carrego as letras dentro da boca e te beijo num poema...
"Não preciso me drogar para ser um gênio;
Não preciso ser um gênio para ser humano;
Mas preciso do seu sorriso para ser feliz."
Charles Chaplin
(sem figurinha que tá tarde e eu tô com sono) rsrsrs