sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Brigid

 

Brigid (36)

 

Minha princesa está muito doente.

No ano passado, exatamente nessa mesma época descobri um nódulo do tamanho de um feijão em uma de suas maminhas.

  

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Rapidamente esse nódulo ficou do tamanho de uma bola de pingue-pongue. Em questão de duas a três semanas.

Levei ao veterinário, que solicitou exames de sangue e raio-x dos pulmões. No Exame de sangue  foi detectada a baixa imunidade, em decorrência do processo inflamatório. Na radiografia, tudo certo. Fui informada de que o surgimento desse tipo de tumor geralmente é maligno em felinos.

Foi realizada uma cirurgia para retirada do nódulo, que ocorreu sem problemas.

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 O veterinário disse que poderia voltar, o que de fato aconteceu. Só que agora não consigo operar, porque a metástase foi mais esperta dessa vez: começou em um ponto em que eu não conseguia sentir, e agora cresceu horrívelmente. Um tumor maligno enraizado em músculos, além da cadeia mamária. 

Cresceu, rompeu e está muito feio.

Ela está tendo falta de ar, e uma gripe chata com espirros que não a deixam dormir. O exame de ecografia abdominal será feito na terça-feira. Já sei o resultado. Minha princesa vai me deixar, dentro de pouco tempo. Tento me conformar, pq  de qualquer forma ela não duraria para sempre, e já tem 13 anos.

Brigid

Há pessoas que me apedrejam pela afeição ao meu bichinho. São as mesmas pessoas que brigam pra ver quem fica com “a xicrinha que era da vó”. Que focam suas felicidades em TER, não em SER.

 


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Ela é parte de mim. E nestes 13 anos, ela brincou comigo, me consolou quando eu estava triste, me agradou com seus carinhos, brigou quando eu exagerava nos meus, dormiu comigo, me fez levantar à noite para lhe dar alguma guloseima e voltamos correndo pra cama, onde ronronava numa prova inegável de satisfação. Ela me fez companhia quando eu não desejava a companhia de mais ninguém. Ela fez os silêncios necessários, com seu afeto genuíno, transbordante de reciprocidade.

 

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A Dídi é dona de uma personalidade única, marcante. Smpre me ensinou muito (e ainda está) sobre a minha própria natureza, sobre como lidar com o mistério da vida. Ja escrevi outras vezes sobre gatos, e quem os tem (e presta atenção) sabe do que estou falando.


Enquanto escrevo, ela está aqui, deitadinha, num momento raro no último mês de sono tranquilo.

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Eu não quero assisti-la definhar até morrer, então estou decidida a eutanasiá-la ao menor sinal de dor, abatimento causado por falta de apetite ou sede. Por enquanto, ela ainda está bem disposta, come bem, toma água, e de manhã, gosta de tomar sol. Brinca comigo, me tomando lápis ou borrachinhas de cabelo. Entendo com isso que ainda temos um tempinho.

 Mas vejo ela estar ofegante, e percebo que ela sente dor em alguns movimentos ou posições.

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Sempre digo que sofrimento é opcional, mas a tristeza é inevitável. Não posso fazer nada, e quando o resultado do exame dos pulmões vier, será decisivo para tentaiva de uma nova operação. 

Sobrevida, na verdade. Até onde posso interferir…?

 

Ela é a menina dos meus olhos, minha gatinha querida. Se sabe preferida, se sabe amada. Minha menininha.

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Quem não tem animais de estimação, ou não gosta deles, não sabe e não consegue jamais estimar o valor deles em nossas vidas. Se não tenho EU um câncer, é porque ela existe, e se não estou EU a tomar toneladas de psicotrópicos e antidepressivos é porque ela existe.

Eu já sei. Tenho tentado me preparar, e encarar com naturalidade. A morte é mais um ciclo e todos aprendemos e ensinamos com cada detalhe do que acontece em nossas vidas. Eu que sou tão rude, e tão fria, fui capaz de aprender a amar incondicionalmente. Ela tão pequena e tão “limitada” foi capaz de ser minha professora. É corajosa, independente, carinhosa, verdadeira. Suporta todas as mazelas de sua doença terrível muito melhor do que eu, que me desmancho em lágrimas, covardemente.

Por hora, é esperar.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch


 

Não, eu não estou testando as teclas do meu teclado. Esse monte de letras acima é o nome de uma cidade (alguns diriam vilarejo ou comunidade) que fica na ilha de Anglesey, no País de Gales. Duvidou? GOOGLE IT!

Mapa


É também conhecida como Llanfairpwllgwyngyll e seu nome pode ser sintetizado como Llanfair PG ou Llanfairpwll. Claro que para nós, brasileiros ou portugueses, não deve ser muito fácil falar isso tudo assim, de uma vez, mas com um pouco de treino até se torna fácil.

De acordo com o censo de 2001 a cidade possui 3040 moradores. 76% deles falam galês fluentemente e é a quinta maior população da ilha. O nome tem cerca de 58 letras e é o mais longo nome de cidade do mundo (no alfabeto galês são 51 letras porquê o 'ch' e o 'll' contam como uma única letra) e significa "Igreja de Santa Maria no buraco do avelã branco próximo do redemoinho rápido e da Igreja de São Tysilio da caverna vermelha". Profundo, não?

 

E pra quê um nome tão... peculiar?

O vilarejo foi originalmente chamado de Llanfair Pwllgwyngyll (Igreja de Santa Maria no buraco do avelã branco) e teve seu nome ampliado no século 19 numa tentativa de transformar o vilarejo em um centro comercial e turistico. Infelizmente a estratégia falhou e hoje eles apenas ostentam o título de cidade com o maior nome e crianças que evitam falar que passaram lá as férias pois só de escrever o nome da cidade a mão já cansou.

 

E de onde veio esta… estratégia?Dafuq?

De uma cidade dos Estados Unidos que se chamava "Pueblo de Nuestra Señora la Reina de los Angeles sobre El Rio Porciuncula" que significa "Povo de Nossa Senhora a Rainha dos Anjos sobre o Rio Porciuncula". Tem certeza que não conhece ou nunca ouviu falar desta cidade? (Ela utilizou esta técnica do nome grande e prosperou. Hoje, ao ser a segunda maior cidade dos Estados Unidos, ela gosta de ser chamada apenas de Los Angeles. A única grande cidade americana a ser fundada por um grupo de colonizadores predominantemente afro-americanos.)

 

 

Ok, para deixar a coisa mais interessante a vila é dividida entre o centro antigo:
(Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch-uchaf)
e a área mais nova localizada próxima da estação:
(Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch-isaf).

Os mais antigos da área central se gabam por terem uma letra a mais, enquando os moradores da área mais nova acham mais cool o segundo nome.

Para facilitar a vida daqueles que falam português e desejam falar este nome maravilhoso, segue este arquivo e a forma como é ouvida (com sotaque brasileiro, é óbvio):

ranviro pouguinguir guguerinch vindrobó rantisilio gogogó

É fácil, rápido e indolor. E para aqueles que gostam de saber só por curiosidade a cidade Brasileira com maior nome não é Pindamonhangaba, nem Itaquaquecetuba e sim Vila Bela da Santíssima Trindade.

domingo, 22 de setembro de 2013

Então, reclame menos, porque…

 

Ou se tem chuva e não se tem solInsatisfação
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

Cecília Meireles

sábado, 21 de setembro de 2013

Tratamento

 Me lembro de uma comunidade no Orkut que rendia altas risadas, que chamava "Vá se tratar" (ou alguma coisa assim) e as pessoas mais desabafavam suas raivas e frustrações com outras pessoas, e acabava sendo absurdamente engraçado o modo como elas expunham aquilo.

images (1)Lembrei disso porque fiquei pensando em capítulos recentes da vida e história desta escrevente, em que amigos, parentes e desconhecidos têm se servido ou de um modo ortodoxo, bem convencional de terapia (com psicólogos, teraputas e psiquiatras), ou de formas espontâneas e despreocupada (conversando com amigos, lendo, estudando e percebendo o mundo por novas óticas);

 As pessoas se estapeiam por tão pouco!

Anubis4

 Quando morrermos (e veja bem TODOS VAMOS MORRER ALGUM DIA) tudo vai ficar para trás: a “xicrinha que era da vovó”, o “abajurzinho que era da titia”, a cristaleira que era de não sei quem. O dinheiro pelo qual tanto brigou, também não vai te acompanhar na vida além túmulo.

 

Só há uma razão para estarmos nesse mundo, e essa razão é sermos pessoas melhores. É deixarmos de lado o apego bisonho que temos com as coisas e com as pessoas. É reparar que o mundo não gira ao redor de nossos umbigos. É perdoar as ofensas, não contrair novas dívidas morais. É aplicar integralmente o amor e o perdão, a nós mesmos principalmente. E lembrar que somos efêmeros demais para guerrear tanto. Vingança é tão rídiculo quanto morder o cachorro porque ele te mordeu.

Nunca em lugar  nenhum na vida, na história, o ódio acabou com o ódio. Só o amor restaura.

O apego – e não estou falando de carinho, de cuidado, estou falando da obsessão, de exagero, do sentimento de posse que nos domina – é a causa de todos os males da humanidade.
Não, não é o dinheiro.
É a estranha mania que as pessoas têm de achar que só o dinheiro corrompe.


MEEEEEUUUUUMãe-superprotetora

Anote: Mãe superprotetora que se mete na vida dos filhos, controlando, excluindo, escravizando: Apego. Teve filhos para ela. Só falta mastigá-los e engolí-los, tal Cronos.



Você está proibido de pensar por si!

Pai que exige que os filhos assumam os “negócios da família”, não admitindo outros sonhos, outras carreiras: APEGO. Ilusão do controle. Um dia papai tbm vai morrer e o pobre rebento nem pensar sozinho conseguirá, porque não foi ensinado a fazer isso.

 

 

Vá se tratar!

Esposa (ou namorada – e o contrário tbm) que vasculha a carteira, os bolsos, o celular, o computador, que exige senha de email e rede social para controlar a vida do outro. Ciúmes? Nããão. APEGO. Achar que a pessoa te pertence. Achar que tendo “controle” sobre a pessoa, ela vai te pertencer. Nunca somos donos de nada.

 

é minha

 

Não possuimos nada. Tudo, inclusive o corpo que habitamos, um dia teremos de devolver. Somos pó, ao pó retornamos.

 

 

 

 

Nossa experiência deveria ser simples, mas somos egoístas. Queremos o sol acima do sol.

Tão fácil: seja bom, não roube, não humilhe, não critique, divida conhecimento, ajude quem sabe menos, ajude quem tem menos, coma menos, ande mais, olhe mais o pôr do sol, ouça o vento, aprecie o frio, aprecie o calor, escute a chuva, reclame menos, levante cedo para ver o sol nascer, olhe as estrelas, olhe a lua, pare de resmungar porque as coisas não saíram do jeito que você queria porque você NÃO TEM O CONTROLE DE TUDO.

ponte do sonhos

Entender, todos entendem. Aceitar é que é difícil.

E as pessoas, então, precisam de tratamento para aceitar que um dia vão morrer, que não possuem de fato NADA, e que as outras pessoas também morrem, mesmo que vc tenha a senha do facebook delas.