sábado, 29 de dezembro de 2012

Dentro


E aquelas palavras, que deveriam soar como uma brisa suave, tiveram o efeito de um punhal em seu coração. Sentada em seu colo, chorava sentida... Sabendo que aquele era o momento do fim do que viveram, embora fosse o início de algo que ainda não compreendia bem. 
No último mês chorara muito por ele. Sabia que estavam irremediavelmente juntos, mas sua ausência lhe doía os ossos. A ruptura acontecera justamente por um afastamento súbito dele que fizera com que ela não suportasse continuar.

Mas procurou-o novamente. Saudade, angústia. Algo na garganta ainda para ser colocado na veia daquela relação. Fim... Era o fim e lhe doía. O amor dele lhe doía. Porque era a confirmação de que tudo que viveram fora verdade. A verdade dói. A mentira consola, ampara. Facilita o caminho.... 

Como seguir sabendo que ficara para trás um amor? Por que não ficaram juntos? Será que o amor que ele jurava era na verdade uma mentira para confortá-la? 

Perguntas... Há momentos sem respostas para perguntar. Mas era hora de continuar, pois o amor declarado naquele instante colocara um fim naquela história. Era uma declaração de eternidade, de subjetividade do contato. Algo maior os envolvia. Laços que unem mais do que o toque...
 
16071_371198912974845_425938102_n“E milagrosamente ela compreendera tudo sem que falassem. Ninguém saberia que um dia tinham se querido tanto que haviam permanecido mudos, sérios, parados. Dentro de cada um deles acumulavam-se conhecimentos nunca devassados por estranhos. Ele fora embora um dia, mas não importava tanto. Ela sabia que entre os dois havia ‘segredos’, que ambos eram irremediavelmente cúmplices. Se fosse embora, se amasse outra mulher, iria embora e amaria outra mulher para partilhar-lhe depois, mesmo que nada lhe contasse”.
Clarice Lispector – Perto do Coração Selvagem.
 
 
Finalmente... Estão um no outro... para sempre.





Photo by Laurita Mazapan

Update: Thank you "Laura" for information about photographer!!




segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Considerações sobre “Esse Cara”

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“Esse Cara” é o príncipe encantado da contemporaneidade. Ele não anda de cavalo branco, mas é tão altivo e soberano quanto aquele dos tempos medievais. O “Esse Cara” pode ter carro, moto, bicicleta ou nada. Não importa. O que vale mesmo, no “Esse Cara”, é a atenção de pegar as donzelas em casa. Pode até ser de ônibus.

O “Esse Cara” é, como diz o próprio nome, mágico. Ele sai da Revista Caras para a vida real: veste-se bem, vai à praia, caminha pela manhã, aprecia bons vinhos, ama a família e tem vários projetos para o futuro. O “Esse Cara” é tão perfeito que não se chama "boy perfeito" e, sim, "“Esse Cara”"

O “Esse Cara” medita. Ou cozinha. Ou fotografa. Ou escreve. Ou canta. Ou desenha. Ou varre a casa e lava os pratos.

O Cara (esse) desce na Terra e escuta as músicas que você escuta, vê os filmes que você vê, lê os livros que você lê, conversa o que você gosta de conversar e ainda consegue acrescentar coisas novas.

O “Esse Cara” tem perfume de magia. Só ele usa o perfume Sinsalabim, da Dior. Fora de mercado.

O “Esse Cara” faz massagem. Nas costas, nos pés, nas mãos e no ego.

O “Esse Cara” é natural. Nada é forçado, tudo é feito com tranquilidade. Gosta de sucos e comidinhas vegetarianas.

O “Esse Cara” diz que te adora. Que as suas mãos são lindas. Que o seu cabelo é macio. Que o seu rosto é perfeito. Que você é a pessoa perfeita. Que o seu olhar é profundo. Que a sua voz é um canto. Que você é quem ele sempre procurou.

O “Esse Cara”, diz as coisas mais lindas do mundo. Ainda que - no final, assim como você - ele só queira uma noite de sexo;

 

Ele é O Cara.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Pequenices

Vontade de gritar tudo aquilo que o coração pede mas a cabeça proibe. Vontade de ligar somente pra ficar em silencio ouvindo sua respiração e voz, para depois sentar no chão e chorar sua ausencia ou então rir de tudo que passou.

Agarrar uma xicara de café, viajando entre o passado-presente-futuro, uma confusão de imagens, milhares de possibilidades, aquilo que se é, aquilo que se pode, aquilo que se tem. Fantasia.

Tudo roda, a vida não tem sentido, quando começar a gritar, não sei o que pode acontecer, nenhum afago ou aconchego. fuga, fuga, fuga.

Um mundo brilhante pela frente, noites de prazer, sexo sem compromisso, um a mais, um a menos, dias e dias que passam, todo frenesi. Toda verdade, toda crueldade, todo aprendizado. Tudo que se quer, tudo que se pode, tudo que se tem.

 O Inverno gélido no Mundo das Borboletas está para terminar…