E aquelas palavras, que deveriam soar como uma brisa suave, tiveram o efeito de um punhal em seu coração. Sentada em seu colo, chorava sentida... Sabendo que aquele era o momento do fim do que viveram, embora fosse o início de algo que ainda não compreendia bem.
Mas procurou-o novamente. Saudade, angústia. Algo na garganta ainda para ser colocado na veia daquela relação. Fim... Era o fim e lhe doía. O amor dele lhe doía. Porque era a confirmação de que tudo que viveram fora verdade. A verdade dói. A mentira consola, ampara. Facilita o caminho....
“E milagrosamente ela compreendera tudo sem que falassem. Ninguém saberia que um dia tinham se querido tanto que haviam permanecido mudos, sérios, parados. Dentro de cada um deles acumulavam-se conhecimentos nunca devassados por estranhos. Ele fora embora um dia, mas não importava tanto. Ela sabia que entre os dois havia ‘segredos’, que ambos eram irremediavelmente cúmplices. Se fosse embora, se amasse outra mulher, iria embora e amaria outra mulher para partilhar-lhe depois, mesmo que nada lhe contasse”.
Clarice Lispector – Perto do Coração Selvagem.
Finalmente... Estão um no outro... para sempre.
Photo by Laurita Mazapan
Update: Thank you "Laura" for information about photographer!!