terça-feira, 25 de novembro de 2014

Vou morrer de tédio

 

É a verdade.

Vou morrer de tédio.

Eu leio, assisto, ouço, pesquiso, leio de novo, assisto mais uma vez, ouço novamente, pequiso outra vez.

Não importa o quê, qualquer assunto, todos os assuntos, todas as matérias;

Eu tenho um vício em saber, em entender o funcionamento das coisas, desde adolescente, quando eu achava que a inteligência seria uma substituta perfeita para a beleza (que eu não tinha mesmo).

Gosto de cultura, de história, de política. Mas sou meio careta, pendo mais pra filosofia das coisas do que pela ação direta em seu curso.

Neste ponto entra em cena a "pokebola"; Vivemos todos, dentro de nossas pokebolas. A despeito da função original da pokebola no anime "pokemón", onde as elas são feitas especialmente para guardar o monstrinho em um pequeno espaço, nós criamos e vivemos num verdadeiro mundo dentro das nossas pokebolas. Esse mundo é feito das crenças, opiniões, experiências e conhecimento (ou a falta dele), que aceitamos, construímos, adquirimos e amalgamamos em nossas pequenas e limitadas vidas.

Quando leio sobre religião (qualquer uma), a noção de "meu deus é melhor que o seu", meu deus é o único que existe","meu deus e seus ensinamentos são a única verdade","não há salvação fora da minha crença", "sua religião (ou deus, ou crença, ou prática) é demoníaca ou errada, ou (hohoho) 'pecado'", eu penso longamente se devo argumentar qualquer coisa. Porque nestes casos (como nos vários a seguir) o habitáculo no qual a pessoa se encontra não é passível de mudança. Não importa seu argumento, sua prova, sua inteligência, sua lógica, sua crença, sua fé. As pessoas atacam-se furiosamente, com medo de que sua bolha existencial se desmanche, e ela precise começar de novo.

Quando eu estudo sobre história (de qualquer lugar), fica claro para mim que as pessoas ignoram suas origens, ignoram os erros, ignoram a verdade, ignoram a mentira, ignoram o processo que as trouxe até sua presente pokebola. Justificam qualquer coisa com a fraca argumentação de que no passado as pessoas eram ignorantes, supersticiosas e que elas não. Elas são esclarecidas, olha internet, a maravilha do mundo moderno, facebook, twitter.

Quando eu leio sobre ciência, se por um lado me maravilho com as possibilidades, com o salto tecnológico adquirido em menos de meio século, com a facilidade que a informação - e também sua contraparte, a desinformação - chegam hoje ao público, por outro me aborreço que as pessoas desconheçam química, física e biologia BÁSICAS! (você sabe fazer manteiga, ou uma barra de sabão -sem correr no Google?)

E quando leio sobre política... Ah a política! O mundo precisa de gente que pense FORA DE SUAS MALDITAS POKEBOLAS. Mas não há. Pelo menos não em número suficiente. Na maior parte do tempo vemos pessoas pseudo-engajadas, pseudo-informadas, pseudosabidas; Gente que range os dentes para defender ideologias que jamais seria possível defender, se vivessem na prática dentro de suas filosofias. Pensar nunca foi um atributo que nenhum governo desejasse em seu povo. Pensar faz cidadãos questionarem. Pensar faz pessoas perceberem. Pensar faz pessoas quererem seu lugar. Pensar faz um sem número de sentimentos acontecerem (bons e ruins). Pensar traz poder. Uma pena, que no nosso estreito modo de pensar, apenas consolidamos mais as paredes de nossas pokebolas.

Daí, eu sinto tédio. Porque gosto de conviver e conversar com pessoas inteligentes, cultas e estudadas, preferindo ouvir do que falar. Mas estas pessoas fazem extamente o que faço, elas de certa forma se retiram. Evitam discutir (alienações), evitam discordar (indisciplinadamente);

Os que fazem tudo isso, estes sabem, a caminhada é solitária e a ignôrancia raivosa de pokebolas ensandecidas ao redor, trazem uma certa melancolia. Os que expõe suas idéias e pensamentos, vivem sob constante pressão. Uns administram bem.

Muitas vezes tenho vontade de elogiar ou argumentar, sobre textos, idéias, autores, imagens, história, política, ciência, religião, futuro. Mas aí me lembro que iniciar discussões ou contrapôr qualquer coisa pode resultar  num desgaste ridículo, num ataque ou num mar de xingamentos e defesas ferrenhas de coisas risívies e inúteis. E me flagro sempre, de que minha opinião não foi solicitada, independente de concordar com o interlocutor ou não. E pego tendo a certeza de que qualquer coisa que eu diga, será insípido, inodoro, e incolor.

É claro que com isso também me privo de possíveis coisas brilhantes, de discussões construtivas e enriquecedoras. É aquela coisa, não jogo na loteria para não perder, mas também não ganho. Daí eu volto pra minha pokebola. Aqui dentro é mesmo um mundo fantástico, repleto de inteligência, de bom gosto, extamente como a pokebola de qualquer um (sob evidente ponto de vista particular). 

Mudar o mundo não é pra mim mesmo. Sou limitadíssima, considero inteligência, educação e solidariedade os baluartes da mudança global. 

Gosto daquela palestra de 2007 do  Mario Sergio Cortella - "Você sabe com quem está falando?"; De fato aquilo ali é o resumo de como me sinto quando penso em emitir a minha honorável opinião sobre qualquer coisa; Para quem não viu, veja -  basta procurar no youtube. São 10 minutos desconcertantes, onde você se flagra de que o que você pensa é tão importante quanto nada. Que suas crenças, experiências e conhecimentos só são importantes para sua sobrevivência minúscula e limitada.

Daí quando vejo gente matando e morrendo, arreganhando os dentes, roubando, xingando, excluindo, marginalizando, destruindo, gritando, esbravejando, defendendo, acusando, traindo, mentindo, enganando... eu sinto tédio. Por mim, pelas minhas limitações. Pela minha preguiça intelectual. Vou acabar morrendo de tédio, por culpa única e exclusivamente minha, por conta da minha percepção limitada e incoerente do mundo.

 

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quarta-feira, 23 de abril de 2014

13 coisas que você não pode morrer sem saber

 

01) Ratos não vomitam.
02) Os ursos polares são canhotos.
03) Você pisca aproximadamente 25 mil vezes por dia.
04) Os russos atendem ao telefone dizendo "Estou ouvindo".
05) Ninguém consegue lamber seu próprio cotovelo.
06) O Oceano Atlântico é mais salgado que o Pacífico.
07) O elefante é o único animal com quatro joelhos.
08) A cada ano, 98% dos átomos do seu corpo são substituídos.
09) Rir durante o dia faz com que você durma melhor a noite.
10) 15% das mulheres americanas mandam flores para si mesmas no dia dos namorados.
11) Seu cabelo cresce mais rápido a noite, e você perde em media 100 fios por dia.
12) A barata consegue sobreviver por nove dias sem a cabeça antes de morrer de fome.
13) 75% das pessoas que leram essas 13 coisas, tentaram lamber o próprio cotovelo!

Don’t you? huehue

fez né?

quarta-feira, 16 de abril de 2014

John and Paul

 

Às vezes, quando a gente vê coisas largadas nas prateleiras erradas do supermercado, os motivos são relativamente restritos;


Por exemplo, pode ter sido uma mãe que só vários corredores à frente viu que o filho havia pego um chocolate importado qualquer mais caro que toda a compra do mês e largou a dito-cujo entre sacos de arroz e feijão, ou que se sentiu culpada por comprar um batom de 40 reais ao ver uma roupinha
de bebê por 20.


Às vezes, o motivo do abandono é o mesmo pelo qual tantos namoros e casamentos acabam : simplesmente porque o comprador achou coisa melhor e largou o produto (que até então era o que ele queria) sem pensar duas vezes.


Ou ainda, numa possível variante desse último motivo, quando a pessoa havia pego algo que não era exatamente o que pretendia levar, mas ainda não havia encontrado – ou sequer sabia o que era – aquilo que realmente queria, ou de que precisava.

keep walking
Foi por isso que eu dei risada sozinha, ao ver um pobre livro de auto-ajuda abandonado na seção de bebidas, bem no meio das tequilas, whiskies, cachaças e vodkas. 

Em silêncio, dei meu apoio ao “dumpeur”  desconhecido.  É isso aí, cara. Quem tem Johnnie não precisa de Paulo. E não é preciso fazer o caminho de Santiago, just... well, you know. Keep walking… huehuehue.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Tecnologia

 

Anunciado um revolucionário conceito de tecnologia de informação, chamado de Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas - L.I.V.R.O.


L.I.V.R.O. representa um avanço fantástico na tecnologia. Não tem fios, circuitos elétricos, pilhas. Não necessita ser conectado a nada nem ligado. É tão fácil de usar que até uma criança pode operá-lo. Basta abri-lo!


Cada L.I.V.R.O. é formado por uma seqüência de páginas numeradas, feitas de papel reciclável e são capazes de conter milhares de informações. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantém automaticamente em sua seqüência correta.

Através do uso intensivo do recurso TPA - Tecnologia do Papel Opaco - permite que os fabricantes usem as duas faces da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir os seus custos pela metade! Especialistas dividem-se quanto aos projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. E que, para se fazer L.I.V.R.O.s com mais informações, basta se usar mais páginas. Isso porém os torna mais grossos e mais difíceis de serem transportados, atraindo críticas dos adeptos da portabilidade do sistema.

Cada página do L.I.V.R.O. deve ser escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do usuário, em seu cérebro. Lembramos que quanto maior e mais complexa a informação a ser transmitida, maior deverá ser a capacidade de processamento do usuário. Outra vantagem do sistema é que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite o acesso instantâneo a próxima página.

O L.I.V.R.O. pode ser rapidamente retomado a qualquer momento, bastando abri-lo. Ele nunca apresenta "ERRO GERAL DE PROTEÇÃO", nem precisa ser reinicializado, embora se torne inutilizável caso caia no mar, por exemplo. O comando "browse" permite acessar qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder com muita facilidade. A maioria dos modelos a venda já vêm com o equipamento "índice instalado, o qual indica a localização exata de grupos de dados selecionados.

Um acessório opcional, o marca-páginas, permite que você acesse o L.I.V.R.O. exatamente no local em que o deixou na última utilização mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo ou marca de L.I.V.R.O. sem necessidade de configuração. Além disso, qualquer L.I.V.R.O. suporta o uso simultâneo de vários marcadores de página, caso seu usuário deseje manter selecionados vários trechos ao mesmo tempo, a capacidade máxima para uso de marcadores coincide com o número de páginas.

Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O., através de anotações em suas margens. Para isso, deve-se utilizar de um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada - L.A.P.I.S. Portátil, durável e barato, o L.I.V.R.O. vem sendo apontado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro.

Milhares de programadores desse sistema já disponibilizaram vários títulos e upgrades utilizando a plataforma L.I.V.R.O.

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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Namárië

Namarië
 
 

Ai! laurië lantar lassi súrinen,
Yéni únótimë ve rámar aldaron!
Yéni ve lintë yuldar avánier
mi oromardi lissë-miruvóreva
Andúnë pella, Vardo tellumar
nu luini yassen tintilar i eleni
ómaryo airetári-lírinen.
Sí man i yulma nin enquantuva?
An sí Tintallë Varda Oiolossëo
ve fanyar máryat Elentári ortanë
ar ilyë tier undulávë lumbulë
ar sindanóriello caita mornië
i falmalinnar imbë met, ar hísië
untúpa Calaciryo míri oialë.
Sí vanwa ná, Rómello vanwa, Valimar!

Namárië! Nai hiruvalyë Valimar!
Nai elyë hiruva! Namárië!











Ah! Como ouro caem as folhas ao vento,
Longos anos inumeráveis como as asas das árvores!
Os longos anos se passaram como goles rápidos do doce hidromel
Em salões altos além do oeste,
Sob as abóbadas azuis de Varda
Onde as estrelas tremem na canção
De sua voz de Santa e Rainha.

Quem agora há de encher-me a taça outra vez?

Pois agora a Inflamadora, Varda, a Rainha das Estrelas,
do Monte Semprebranco, ergueu suas mãos como nuvens
E todos os caminhos mergulharam fundo nas trevas;
E de uma terra cinzenta a escuridão se deita
sobre as ondas espumantes entre nós
E a névoa cobre as jóias de Calacirya para sempre .
Agora perdida, perdida para aqueles do Leste está Valimar!

Adeus! Talvez hajas de encontrar Valimar.
Talvez tu mesmo hajas de encontrá-la. Adeus!

*Namárië é o maior texto em Quenya em O Senhor dos Anéis, escrito por J.R.R.Tolkien

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sonhando

 

Sempre quis escrever bem;

Já sonhei algum dia em ser uma grande escritora.

Amo as histórias mitológicas, de aventura e fantasia, de grandes travessias, de grandes batalhas; Me vejo incapaz de pensar em algo precioso e desenvolver as idéias, para virar um conto, ou uma história, ou um livro.

Por algumas convicções que chegam com o tempo, com algumas crenças que se fundamentam, muito fundo mesmo, enraizadas, acabei perdendo esse desejo, mas principalmente por enterrar minha imaginação;

Me sinto ridícula querendo inventar o já inventado, querendo povoar a minha mente com coisas inexistentes, como fadas e dragões, magia e encantamento;

Ao mesmo tempo que amo profundamente histórias como Chronicles of Narnia, Lord of the Rings, e autores como o Bernhard Hennen e Bernard Cornwell,  mergulhando em seus contos, rindo e chorando, entregue à leitura, me pego tão sem imaginação nenhuma.

Quando fecho o livro, seja por uma pausa, ou término, volto a lembrar de que nada existe daquelas belas história, e que eu tenho mesmo é que acordar cedo, trabalhar, pagar as contas. Lembro que a política e a leis mais me fodem do que qualquer outra coisa, e que não dá pra bancar o Robin Hood, sem encarar uma polícia corrupta e uma cadeia cheia de gente sanguinária sem honra.

Os contos de fadas modernos são só para quem tem dinheiro e ainda tem ilusões sobre fama, grandeza e nome.   

A verdade é que a morte passa a régua em todo mundo. Todos morrem. E seja qual tenha sido sua vã filosofia nesta vida, sua ilusão, sua busca ou sua cegueira, você vai morrer, e em 50 anos, ninguém mais se lembra do seu nome, e nem importa, nem interessa. Todos que você conhecia estarão mortos também, e mesmo que você tenha um legado (uma contribuição científica, uma tese revolucionária) em 50 anos você já é obsoleto e não serve de referência nenhuma.

É derrotista, eu sei; É fatalista e nuito amargo pensar assim, eu sei também. Mas não consigo evitar. Não penso assim porque acho bom, mas porque minhas convicções me levaram a essas conclusões, e agora não dá mais para voltar atrás.

Queria a minha imaginação infantil de volta, queria criar mundos inteiros de fantasia; Queria pensar que em algum lugar, além da minha imaginação, as histórias pudessem ser reais, vívidas e cheias desse romanceamento barato que fazemos das coisas terríveis.

Eu leio muito. Quando gosto de um livro, levo menos de um dia para ler, independente de quantas páginas tenha. Chego a ler livros de mais de 300 páginas em uma tarde, ou pouco mais de 6 ou 7 horas ininterruptas.

Somente nesse instante eu deixo esse nosso mundo enfadonho e tedioso para trás, e mergulho nesse mundo irreal, criado para nos encantar.

Mas eu, pensar, imaginar, desenvolver e escrever…esquece… isso está em alguma outra galáxia, encarcerado junto com a minha imaginação, perdido para mim… pelo menos nesta vida.