sábado, 29 de dezembro de 2012

Dentro


E aquelas palavras, que deveriam soar como uma brisa suave, tiveram o efeito de um punhal em seu coração. Sentada em seu colo, chorava sentida... Sabendo que aquele era o momento do fim do que viveram, embora fosse o início de algo que ainda não compreendia bem. 
No último mês chorara muito por ele. Sabia que estavam irremediavelmente juntos, mas sua ausência lhe doía os ossos. A ruptura acontecera justamente por um afastamento súbito dele que fizera com que ela não suportasse continuar.

Mas procurou-o novamente. Saudade, angústia. Algo na garganta ainda para ser colocado na veia daquela relação. Fim... Era o fim e lhe doía. O amor dele lhe doía. Porque era a confirmação de que tudo que viveram fora verdade. A verdade dói. A mentira consola, ampara. Facilita o caminho.... 

Como seguir sabendo que ficara para trás um amor? Por que não ficaram juntos? Será que o amor que ele jurava era na verdade uma mentira para confortá-la? 

Perguntas... Há momentos sem respostas para perguntar. Mas era hora de continuar, pois o amor declarado naquele instante colocara um fim naquela história. Era uma declaração de eternidade, de subjetividade do contato. Algo maior os envolvia. Laços que unem mais do que o toque...
 
16071_371198912974845_425938102_n“E milagrosamente ela compreendera tudo sem que falassem. Ninguém saberia que um dia tinham se querido tanto que haviam permanecido mudos, sérios, parados. Dentro de cada um deles acumulavam-se conhecimentos nunca devassados por estranhos. Ele fora embora um dia, mas não importava tanto. Ela sabia que entre os dois havia ‘segredos’, que ambos eram irremediavelmente cúmplices. Se fosse embora, se amasse outra mulher, iria embora e amaria outra mulher para partilhar-lhe depois, mesmo que nada lhe contasse”.
Clarice Lispector – Perto do Coração Selvagem.
 
 
Finalmente... Estão um no outro... para sempre.





Photo by Laurita Mazapan

Update: Thank you "Laura" for information about photographer!!




segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Considerações sobre “Esse Cara”

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“Esse Cara” é o príncipe encantado da contemporaneidade. Ele não anda de cavalo branco, mas é tão altivo e soberano quanto aquele dos tempos medievais. O “Esse Cara” pode ter carro, moto, bicicleta ou nada. Não importa. O que vale mesmo, no “Esse Cara”, é a atenção de pegar as donzelas em casa. Pode até ser de ônibus.

O “Esse Cara” é, como diz o próprio nome, mágico. Ele sai da Revista Caras para a vida real: veste-se bem, vai à praia, caminha pela manhã, aprecia bons vinhos, ama a família e tem vários projetos para o futuro. O “Esse Cara” é tão perfeito que não se chama "boy perfeito" e, sim, "“Esse Cara”"

O “Esse Cara” medita. Ou cozinha. Ou fotografa. Ou escreve. Ou canta. Ou desenha. Ou varre a casa e lava os pratos.

O Cara (esse) desce na Terra e escuta as músicas que você escuta, vê os filmes que você vê, lê os livros que você lê, conversa o que você gosta de conversar e ainda consegue acrescentar coisas novas.

O “Esse Cara” tem perfume de magia. Só ele usa o perfume Sinsalabim, da Dior. Fora de mercado.

O “Esse Cara” faz massagem. Nas costas, nos pés, nas mãos e no ego.

O “Esse Cara” é natural. Nada é forçado, tudo é feito com tranquilidade. Gosta de sucos e comidinhas vegetarianas.

O “Esse Cara” diz que te adora. Que as suas mãos são lindas. Que o seu cabelo é macio. Que o seu rosto é perfeito. Que você é a pessoa perfeita. Que o seu olhar é profundo. Que a sua voz é um canto. Que você é quem ele sempre procurou.

O “Esse Cara”, diz as coisas mais lindas do mundo. Ainda que - no final, assim como você - ele só queira uma noite de sexo;

 

Ele é O Cara.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Pequenices

Vontade de gritar tudo aquilo que o coração pede mas a cabeça proibe. Vontade de ligar somente pra ficar em silencio ouvindo sua respiração e voz, para depois sentar no chão e chorar sua ausencia ou então rir de tudo que passou.

Agarrar uma xicara de café, viajando entre o passado-presente-futuro, uma confusão de imagens, milhares de possibilidades, aquilo que se é, aquilo que se pode, aquilo que se tem. Fantasia.

Tudo roda, a vida não tem sentido, quando começar a gritar, não sei o que pode acontecer, nenhum afago ou aconchego. fuga, fuga, fuga.

Um mundo brilhante pela frente, noites de prazer, sexo sem compromisso, um a mais, um a menos, dias e dias que passam, todo frenesi. Toda verdade, toda crueldade, todo aprendizado. Tudo que se quer, tudo que se pode, tudo que se tem.

 O Inverno gélido no Mundo das Borboletas está para terminar…

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Colidindo Hadrons

 

CMS_Higgs-eventOs cientistas explicaram a finalidade do Grande Colisor de Hadrons (LHC), e antes das primeiras experiências a preocupação de algumas correntes científicas era de que poderia ser obtido como resultado o inverso do Big-Bang, ou em suma, o fim do mundo. Não importa o quão “controlado” pudesse ser o ambiente interno do colisor, o resultado poderia ser imprevisível e destruidor;

 

As mudanças que ocorrem atualmente no planeta não são creditadas aos experimentos científicos, mas está aí para quem quiser ver um sem número de catástrofes “naturais”, que ao meu ver estão provendo uma “purga” necessária ao mundo. É um ciclo de renovação, de mudança intensa, de novos meios, de novos pensamentos.

 

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As azaléias costumavam florir em setembro, agora nos primeiros dias de agosto já exibem sua majestada cor-de-rosa;  O próprio mês de agosto era o mais frio do inverno (principalmente aqui no Sul), e há algum tempo tem registrado as temperaturas mais absurdas para a época (chegamos a 35° em alguns dias esse ano);

 

Bem, mas eu falava da colisão de hadrons.

 

As coisas mais estáveis deste mundo, não são assim tão estáveis; A física e a química têm nos mostrado nos últimos anos de pesquisa e desenvolvimento que o que acreditávamos imutável é relativo, o que parecia sem fim é finito, e que na verdade não sabemos nada sobre nada, até o momento de coldir hadrons.

 

Científicamente, para colidir hadrons é preciso um grande preparo, aparatos e apetrechos, um ambiente “controlado”. Metafisicamente falando, trazendo a expressão emprestada para o mundo individual, também precisamos colidir hadrons para saber a origem de tantas coisas em nós mesmos: precisamos de uma preparação para esse “evento”. É  necessário que estejamos conscientes de que muitas das nossas descobertas acerca de nossa natureza destruirão as idéias falsas que tínhamos antes, é preciso que nossa mente seja um “ambiente controlado”, é preciso que nossas emoções sirvam de “aparatos e apetrechos” de estudo e monitoramento do resultado.

 

Colidir hadrons é para os fortes e corajosos; Se você tem medo do fim do mundo, ou da imprevisibilidade do resultado, pode ficar aí perdendo a vida naquele trabalho que você detesta, fingindo que gosta das piadas repetidas daquele amigo/conhecido/parente, assistindo Zorra Total no sábado (é no sábado?) e Domingão do Faustão no domingo (esse o nome parece óbvio.. rs), comentando BBB, as fofocas das Celebs, reclamando da corrupção dos políticos, falando sobre o tempo com as pessoas no elevador, fingindo que o mundo não está girando, que você está satisfeito com tudo que “adquiriu”; Amanhã, quando você morrer, todas estas “conquistas” ficarão aqui no mundo físico, rindo de você e da sua ingenuidade de achar que “possuía” alguma coisa. Você pode desperdiçar a sua vida toda, achando que sabe o que está fazendo ao cadenciar uma rotina cotidiana, para não ver que até as flores mudaram, quebrando as “regras” ao florir fora de época, que as estações não são mais definidas, e que a colisão de hadrons para um novo Big-Bang está a pleno vapor.

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Oh! Estou quase colidindo os seus hadrons, me desculpe. Não tinha a intenção de fazer isso sem sua permissão. (ou tinha?)



1196091720_mascaras_de_teatro2Mas… Não é impressionante?  Algumas das mentiras que você tem contado a si mesmo (e pior: tem acreditado!!) podem desaparecer e abrir um horizonte mais amplo, uma percepção extra e refinada de tudo, SE você  deixar de lado aquela corrente científica que apregoa o medo do imprevisível, extamente como os construtores do LHC fizeram.

 

 

Só percebemos o quanto a vida é preciosa, só vemos o real valor, quando deixamos que o imprevisível aconteça;

 

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Eu estou colidindo hadrons, há algum tempo. Os resultados estão cada vez mais imprevisíveis, mas as descobertas sobre a origem da vida e do meu cosmos interno são impressionantes, extraordinárias; Há destruição, mas há também renovação; Que bom que não dei ouvidos às correntes entusiastas do medo, da rotina, da convenção e da mesmice.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O Gato Amarelo

 

Estou precisando fazer algumas revisitações, para concatenar adequadamente minhas linhas de raciocínio atuais. 

329Como todos sabem, os amarelos são os melhores;

E eu encontrei aquele vira latas lindo e manhoso, que miou me chamando pra dar um rolê; Tentei resistir, mas acabei cedendo.

E babando por ele, me embrenhei nos becos e ruas estranhas, me perdendo da minha condição de bicho castrado e domesticado.


 

Eu aprendi muito com gatos. Aprendi o respeito à escolha alheia. Tudo tem que ser delicado, nada de movimentos bruscos. Eles são exatamente como nós. Nós detestamos puxa-sacos. Detestamos que nos obriguem a fazer algo que não queremos na hora que não desejamos;

E mesmo assim, mesmo concordando e respeitando, constatei:  O Gato Amarelo era é arisco. E gatos ariscos NUNCA, vejam bem, NUNCA são, nem serão domesticados (na concepção total da palavra). Mesmo  que ele adore os seus carinhos, mesmo que procure a sua companhia, ele NUNCA morará na sua casa de fato. Ele NUNCA será SEU. E você sempre terá momentos de angústia quando ele sumir por dias, quando estiver mal-humorado e não quiser seu colo nem seu cafuné, quando ele preferir ficar na chuva, no vento ou no frio. A sensação de liberdade que ele cultiva (embora ilusória), é a prisão de quem o ama;

Porquê considero a sensação falsa? Porque veja bem: gatos que são bem cuidados, que não dormem na rua, que se alimentam bem (sem exageros nem porcarias), que ganham carinho e atenção, vivem mais. Gatos que vivem nas ruas, estão sempre esfolados, são maltratados, mal vistos, às vezes perseguidos, se metem em encrencas desnecessárias, correm muito mais risco de serem envenenados, e vivem muito menos.

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Com gatos ariscos tudo tem que ser muito devagar, muito elogio, muito carinho, e ainda assim é uma luta perdida. Você o amará incondicionamente,  mas ele te amará condicionalmente (só quando ele quiser, só quando ele tiver fome, só quando ele achar que você mereça, e você nunca merece).

 

Quando recuperei a identidade, percebi que estava no habitat errado. Implorei para que ele fosse comigo, mas ele me olhou dos pés à cabeça, e disse: “Quer ir embora? Vai. Eu não quero ir com você. Gosto mesmo é de viver perigosamente, inconsequentemente, irresponsavelmente. Sou livre e não quero ser prisioneiro”.

“Você não será prisioneiro”, argumentei. “Só será cuidado, terá uma casa, uma referência. Alguém para olhar por você”. 13

“Você está tentando me enganar”, ele disse. “Não sirvo pra isso, adeus”.

E eu voltei com meu belo rabo felpudo entre as pernas, debaixo de chuva, suja, esfomeada, cansada, triste e mais arredia, para meu pote de ração, meu pote de água limpa, minha cama macia, fofinha e quente;

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Aí a gente espera a novidade do dia seguinte, come, pensa que na próxima vez, deve comprar algo mais gostoso;

Cruza os dedos pra encontrar o grande amor da sua vida no novo curso de qualquer coisa (que vc resolveu fazer pra ocupar o vão), experimenta lançamentos, percebe algumas roupas velhas e vê que precisa de novas, aguarda ansiosamente o salário no fim do mês, discute com a família, pensa e faz as pazes, ou passa um bom tempo ausente.

Fica insatisfeito com o presente, mas tem certeza que o mês seguinte prometerá grandes surpresas, vive agosto para setembro, setembro para outubro... A gente critica o capitalismo, comunismo, anarquismo, budismo, catolicismo, todos os ismos, e não criamos uma própria crença. Esperamos o Carnaval, o São João, o feriado daqui a duas semanas, os preparativos para o ano novo com análises no amor, trabalho e amizade. Se há decepções, mudamos o estilo do cabelo e o círculo social.

E assim a gente vai levando. Muitas das ações vazias são formas de preencher esse espaço escuro e enigmático da vida. É necessário para nós a criação de desejos, pois, assim, a esperança em uma paz pessoal pode ter um fundamento, mesmo que seja um tanto desesperado.

 

Mas para isso, será necessário colidir hadrons, e criar um buraco negro que consuma tudo, ou afinal recriar o princípio da vida, e começar do começo de novo.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Status de Relacionamento

 

 

Quando o que a gente sente não importa mais , não vai mais fazer diferença , o melhor é resolver por dentro, sem falar nada e se falar que seja muito pouco.
Existe o sofrimento porque o borboletas saindo de um poteoutro não te quer mais e existe o sofrimento porque vc não quer mais o outro ou ambos não querem mais a relação . Quem não quer mais também sofre. Sofre sim. Sofre pela frustração das coisas não terem dado certo e pelo sentimento ter mudado ou acabado. Não é pela pessoa que "perdemos", mas pelos filhos desejados e não concebidos, pelas viagens planejadas que não foram executadas , ou seja, pelos sonhos que não se realizaram . .. Aí vem a hora de recomeçar , de continuar exatamente do ponto onde paramos . Parar e lembrar o ponto exato é difícil , mas parece que é o segredo para realmente continuar sem nunca desistir do que é mais importante : ser feliz.

( Laura Astrolabio)” 

 

Hora de deixar as Borboletas voltarem para seu Fantástico Mundo… deixar elas saírem de mim…

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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Songs for you, truth for me

 

Foi só piscar o olho
E eu me apaixonei enfim
No meio da fumaça
Ele também gostou de mim

O tempo foi passando
E o nosso amor saiu do chão
E eu fiquei tão grande
E mastiguei meu coração

Dessa vez não tive medo
Mesmo assim, não disse "sim"
Percebi o percevejo
E deixei cravado em mim

Só eu sei o que é melhor pra mim
Ás vezes é mais saudável chegar ao "sim"
Chegar ao "sim"
Só eu sei o que é melhor pra mim
Ás vezes é mais saudável chegar ao "sim"
Chegar ao "sim"

No meio da euforia
Aquele alguém me protegia
Mas não foi por acaso
Que o encanto se quebrou

O tempo foi gastando
O que não era pra durar
Como se eu soubesse
Não era amor pra todo dia

Dessa vez eu tive medo
Mesmo assim eu disse "sim"
Percebi o percevejo
E deixei cravado em mim

Só eu sei que foi melhor assim
Ás vezes é mais saudável chegar ao "fim"
Chegar ao "fim"
Só eu sei que foi melhor assim
Ás vezes é mais saudável chegar ao "fim"
Chegar ao "fim"
Só eu sei que foi melhor assim...

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Entre tantas coisas

 

É estranho eu relatar cena após cena de como eu fui compondo esse texto.

Apaguei as duas primeiras letras, e despejei tudo o que eu queria dizer pra você em sequência. O texto ficou truncado, e eu achei que nada poderia expressar melhor esse nó seco na garganta.

Nunca lidei bem com rejeições, e você nunca soube se comunicar direito. Deixa pra depois. Eu te ligo. Surgiu um imprevisto, me desculpa. Depois a gente se fala. Me manda um e-mail. Era mais fácil ter me dito que tanto faz.

Alguma vez você já terminou algum dos seus planos sem interromper outro? Ou você sempre foi meio assim… pela metade? Não tenho nada de novo pra contar, não.  Não quero manter uma pasta com esses momentos todos armazenados, arquivados ou qualquer coisa do tipo. Não quero passar por nenhuma recaída. Mas eu tenho acordado todos os dias às 5h da manhã. Daí eu ligo a TV e abro o jornal. O jornal local é péssimo.  Abro o e-mail e checo a minha caixa de entrada. É bem verdade que eu corro os olhos por tudo isso sempre, pra encontrar você ou alguma pista do que eu me pergunto todos os dias. Por que ele me deixou ir embora?

O problema é que você nunca enviou aquele tal e-mail. Nem me ligou. Nem apareceu para provar que eu estava errada. Não notou a minha falta e nem revirou o meu lixo em busca das dezenas de folhas de papel amassadas. Nem desamassou algumas delas pra perceber que eu ensaiei uma despedida e só queria mesmo é que você me impedisse.

Nem me consolou quando fugi desesperada para o aeroporto, e eu embacei as lentes dos óculos com um choro baixinho, pra ninguém notar que eu não tinha de quem me despedir. Você deletou tudo como se fosse um anúncio importuno ou um cavalo de tróia. Eu ainda esperei que ele tivesse ido parar na minha caixa de Spam. Mas tinha nada. Nunca teve e nunca chegou aqui. Não deve ter lido aquele, e nem os outros que eu não enviei. Você jogou aquele e-mail na lixeira.

E o nosso amor ficou pra sempre no rascunho malfeito da minha caixa de entrada…

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A Morte do Amor


O que acontece quando o AMOR morre? Alguém está presente para lhe apresentar os pêsames, ou sugerir algo que o substitua?

Fiacamos mesmos incrédulos diante da morte do amor. Primeiro, porque não se acreditava que esse AMOR pudesse correr qualquer risco. Segundo, porque esse sintoma não se manifesta de forma agressiva, num primeiro momento. Nem se faz presente através dos acessos de ciúmes ou briga passageira. Se disso, nos apercebêssemos, com certeza faríamos de tudo para salvá-lo. É óbvio, pois quem ama, ou já amou, nunca esquece o quanto o amor é importante em sua vida.

Um dos primeiros sintomas que nos mostra que o AMOR está adoecendo, é a forma negativa, com que duas pessoas por ele plugadas, inadvertidamente, passam a  se  tratar.  Então, só notam que seus sentimentos foram feridos, sem saber o porquê. Tanto pode acontecer por parte de um homem, quanto de uma mulher, por não perceberem qual o tipo de amor que um ou outro necessita. Começam, assim,os primeiros conflitos e o esmaecimento afetivo.

Quando as pessoas acham que não são mais amadas tanto como antes, passam a agir de forma diferente. Como resultante desse descontentamento, pouco a pouco deixam de fazer o que faziam antes, quando do surgimento da paixão tresloucada e da sua transmutação para o amor.

A mente apaga, aos poucos, o passado romântico como: um olhar no olhar, os gracejos, os abraços ou os toques sutis, por exemplo, ou quaisquer outros atos, que deram origem ao sentimento. Ou ainda, a noite mágica em que sonharam acordados até o dia amanhecer, antes que a lua e a estrela brilhante, se retirassem do cenário, tornando-se o maior símbolo do sentimento que ali nascia. E a música especial, que pouco a pouco deixa de expressar o grande momento que a fizeram ser, o hino desse amor. E, ainda deixam de recordar cada momento especial, que viveram ao toque, da primeira estrofe.

E, afinal,  deixam de pensar um no outro a cada dia que passa? Será que também não é um sintoma de que o vínculo sentimental está merecendo uma atenção especial, antes que feneça?


O amor perde seu sistema imunológico quando param de cuidar dele, sem se aperceberem dos seus vestígios de cansaço. E passa a adoecer quando é relegado a um plano inferior.

O amor adoece quando deixa de ser um elo importante entre duas pessoas que passam a querer um do outro, atenção, carinho, admiração, aceitação e devoção, sem perceber que ambos estão, cada vez mais distanciados.

Sentindo-se infelizes, culpam-se mutuamente, pelos seus infortúnios. Surgem as desculpas, que não curam e só comprometem a integridade do sentimento. Esqueceram-se do quanto foram felizes, quando estavam envolvidos, totalmente. Buscam a felicidade, tentando um mudar o outro, porque não se sentem mais aceitos do jeito que são, esquecendo-se que também estão agindo do mesmo modo.

E quando o amor está morrendo, ele faz com que as pessoas deixem de sentir prazer e que passem apenas a sentir obrigação de manter uma relação quase fantasiosa. Sem perceber, cada um busca um motivo para ficar ausente ou distanciado. Usam-se artifícios, desculpas e qualquer outra coisa que justifique a atitude pessoal de cada um.

Instaura-se a falência da relação afetiva, que tende a desaparecer, como se a paixão, o amor e tudo mais, que foi alimento de duas almas, não tivessem existido.

Na busca por alternativas, não se encontram respostas seguras e adequadas, porque o amor não vem acompanhado de bula;


E escrever passa a ser de novo o principal alento dos meus dias, tão quietos...

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

(Des)Concerto

 

Quero-meu-amor-proprio-o-resto-kkk

Dá mesmo um desespero de ver os dias escorrendo pelo ralo, os minutos escapando pelos dedos e tudo que era deixando de ser.

Dá vontade de agarrar uma época com as mãos, pedir pra ela ficar mais um pouco.

'Calma, fica tranquila, isso é só o tempo passando.' – Contemporizo eu. - 'Nada além disso, vamos manter a calma.'

Dá vontade de ficar com a gente pra sempre, mas a gente escapa de si diariamente.

A gente pisca e já não é o mesmo, sorri e muda de pensamento, chora e muda de opinião.

A música antes audível está sendo abafada por sons inúmeros, crescentes e insistentes. Sons que fazem seu papel arruinante, prontos para enganar os distraídos e distrair os enganados.

A verdade é que a gente se abandona a todo momento e só um distanciamento interpretativo é capaz de permitir conclusões tão óbvias: ando morta de saudades de mim.

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Texto dedicado a todas as mudanças da vida, inclusive as mais imperceptíveis e importantes: aquelas que se passam dentro da gente.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Em julho de 2012

Estava pensando na imensa necessidade que algumas pessoas têm de contar tudo sobre suas vidas, muitas nem ao menos consideram se o assunto interessa aos que ouvem.


Não costumo contar muita coisa, tenho poucos amigos para os quais faço confidências e nunca em detalhes.

Há uma diferença entre desabafar e se expor e eu procuro nunca romper essa barreira.

Pensando nisso me lembrei deste poema de Clarice Lispector que fala algo sobre o assunto.

Se tudo existe é porque sou.
Mas porque esse mal estar?
É porque não estou vivendo do único modo que existe para cada um de se viver e nem sei qual é.
Desconfortável. Não me sinto bem.
Não sei o que é que há. Mas alguma coisa está errada e dá mal estar.
No entanto estou sendo franca e meu jogo é limpo. Abro o jogo.
Só não conto os fatos de minha vida: sou secreta por natureza.
O que há então?
Só sei que não quero a impostura. Recuso-me.
Eu me aprofundei, mas não acredito em mim, porque meu pensamento é inventado
.”

 

Só que hoje estou triste… sentindo falta das nossas longas conversas, dos teus dedos por entre os meus cabelos…  hoje eu queria conversar longamente, sem queixas, sem reclamações.. apenas conversar sobre o mundo todo, sobre planos e sonhos.. como fazíamos enquanto vc estava ao alcance da minha mão…

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Solitudine

 Estar sozinho é engraçado, louco, angustiante, libertário e triste, tal qual estar com alguém. 

No entanto, estar sozinho é absolutamente o oposto de estar com alguém.

Estar sozinho é fechar as mãos no nada quando se atravessa a rua correndo e não se tem uma mão para segurar.

É acordar sem saber o que será do dia porque planejar sozinho dá preguiça.

É querer contar tanta coisa para alguém, mas para quem? Ter um sem-número de coisas acontecendo na sua vida e estar precisando que alguém te ouça e te socorra e esteja do seu lado, não qualquer pessoa, AQUELA pessoa;

A vida simplesmente acontece para quem está sozinho, às vezes sem que a gente perceba, pois é mais fácil ter noção de si mesmo através de outra pessoa.

Estar sozinho é fazer dengo sozinho na cama, sem ninguém para apenas encaminhar o ombro um pouco mais perto.

É comer doce demais porque sua boca precisa de um incentivo para continuar salivando vida.

É comer doce demais porque estar sozinho dá uma tremedeira estúpida de hipoglicemia.

É o chocolate que substitui mal e amargamente o sexo.

Estar sozinho é dormir até tarde no domingo. Não para congelar o tempo na alegria, mas para fazer de conta que o tempo não existe.

É ter a sensação de que ninguém te olha, pelo menos não como você gostaria de ser olhada.

Estar sozinha é estar solta e, no entanto, é estar amarrada ao chão porque nada te faz flutuar, sonhar, divagar.

Estar sozinho, ou estar sozinha, pode acontecer com qualquer um.

Estar sozinha é não suportar ouvir a palavra solidão porque ela faz sentido. E o sentido dela dói demais.

Estar sozinho é ter uma risada nervosa, de quem segura um grito e um choro enquanto ri. Um riso falso para se convencer de que é possível ficar sozinho sem ficar deprimido.

Estar sozinho é usar roupas provocantes sem se sentir sexy com elas. É conferir a caixa de e-mails com uma freqüência que beira a compulsão. É chorar do nada. É acordar do nada. É morrer de medo do nada que fica no estômago.

Estar sozinho é uma coisa física, ou melhor, é a falta dela. Você se sente oco por dentro, por isso aquele respiro profundo de lamentação.

É cogitar enlouquecer.

O ombro pesa porque é tenso ficar sozinho.

Quando chove, venta, escurece, e você está sozinho, você lembra de Deus e do quanto é pequeno.

Estar sozinho é se aproximar de Deus por piedade própria e não por agradecimento, que é o que nos faz aproximar Dele quando estamos amando.

Estar sozinho é detestar ficar em casa. Ficar em casa sozinho, quando se está sozinho, é muita solidão.

Então você sai (ou faz que nem eu, fica em casa com mais raiva ainda), só para não ficar em casa sozinho.
E descobre o quanto você é sozinho. E volta pra casa sozinho, e chora vendo fotos.

É trabalhar para passar o tempo. De preferência sábados, domingos e feriados, porque quando se tem tempo para estar com alguém que não vem, que não está ou que não existe, esse tempo amargura, entristece e revolta.

É estar pronta para algo novo e não agüentar mais dias iguais.

É ocupar a vida de açúcar, intrigas, fofocas, encrencas. Aventuras tortas.

É ocupar a vida dos outros com reclamações, lamentações, dúvidas e carências.


É estar aqui, aos gritos mas no mais absoluto silêncio, se sentindo desimportante, tendo uma auto-piedade ridícula e insalubre, com raiva de ter permitido perder as rédeas da sua própria vida, por escolha consciente;
 
Resumindo: estar sozinho é triste, enche o saco dos outros e deve fazer FAZ mal para a saúde.



quarta-feira, 4 de abril de 2012

A verdade

A verdade, mais tola e mais simples, mais certa e mais secreta é que me fazes falta;


Esse vácuo, esse oco sem precisão ou contorno, sem nome ou lógica.


Tu me fazes falta e me fazes carregar comigo uma ausência indefinível e perpétua, um esgar que é antes um tatear no vazio do que um estender de mão em direção a algo.


Tu me fazes falta, me cavas um buraco, pões em meu rosto um borrão que não me desfigura, antes me torna um enigma para mim mesma.


E venho me definindo e me reconfigurando ao redor disto: da tua falta.


Sou esta que se ressente da tua ausência sem saber mais sequer como é a tua presença, que forma tem o teu corpo, qual o cheiro do teu hálito, qual a cor dos teus olhos, que gosto tem a tua boca assim que despertas.


E no entanto sei disso: me fazes falta, essa falta ampla e completa, que toma o dia cada vez que me vem o teu nome, essa falta que abre uma fresta no tempo, que suspende os ruídos do mundo, que modifica a direção do vento e que toma o centro de mim e ao redor da qual eu brinco de ser uma outra, que eu inventei para parecer que continuei vivendo.
 
 
 
 
Patrícia Antoniete

domingo, 11 de março de 2012

Da coleção particular de detalhes de memória…

 

Eu sinto saudades.

Coisa estranha essa tal de saudade. Você não vê, não pega, mas ela está ali.

Saudade dói.  Dói forte. É como se alguém estivesse apertando o seu coração; estrangulando-o.  É uma dor imaterial. Não dá pra fazer curativos. Não é nada sólido que se possa eliminar. Mas há consistência neste imaterial; Há densidade e força.

Eu sinto saudade dos sonhos. Do cheiro. Do gosto. Do carinho trocado. De tudo que poderia ter sido. Do que ainda poderá ser. Eu sinto saudade das palavras doces. Do olhar carinhoso. Dos planos loucos. Eu sinto saudade também do que não existiu, porque abriu espaços para o querer.

Eu sinto saudades. Ela mora em mim. Um dia, quem sabe, pára de doer…


quinta-feira, 8 de março de 2012

Everything has a beginning…

 

Dos detalhes de memória, cuidadosamente colecionados:

 

Hoje senti sua falta, como sempre sinto.
Senti saudades de mim,
saudades de você,
saudades de nós,
saudades da minha felicidade, do seu sorriso,
do seu viver.
Hoje, de novo, senti sua falta.
Falta dos teus olhos,
Falta dos meus olhos nos seus.
Falta do seu olhar, falta da alegria no meu olhar.
Hoje senti que preciso de você, senti sua falta.
Sinto saudades, saudades imensas de você.
Saudades do seu carinho...
Hoje senti sua falta, como sempre sinto...
Saudades que preenchem espaços, mas que deixam
estes espaços amplos, quase vazios...

 

...e a chuva chora junto, quieta e fininha, até desabar em lágrimas…

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Voltei aqui porque lembrei…

 

..Que as horas passam e as ansiedades aumentam, e nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia.

Tudo muda o tempo todo no mundo.

E eu que não vinha aqui tem um tempão, lembrei de voltar aqui e dizer que a felicidade realmente tira a inspiração do escreventes do mundo. Só mesmo a tristeza arranca pérolas sublimes das mentes perdidas nas névoas dos amores, lembranças e saudades, porque quem está vivendo não tem tempo pra devaneios. Quer o tudo, o todo, o mundo. Fazer acontecer, agora. Respirar cada segundo da brisa fresca, acariciar cada milímetro de pele, beijar cada célula da boca, agarrar cada átomo do instante; Preencher bem a memória olfativa, visual é tátil, porque se algum dia tudo isso acabar, a inspiração virá como uma avalanche, nos detalhes de memória cuidadosamente colecionados.

Mas enquanto não acaba, não se pensa, apenas se sente. Instintivamente, impulsivamente, com fome, com ânsia de mais, com o desejo que simplesmente não te abandona e só cresce.

Não tenho tempo para mais nada… ser feliz me consome muito..

 

 

 

 

Né, Gatim?